quarta-feira, setembro 29, 2010

Houve um tempo em que soubera o que fazia, ou achava que sabia.
Aquele era o seu sonho, ou pelo menos achava que o era.
Tratava-se do seu futuro ou pelo menos achava que se tratava.

Agora não sabia.
Agora tinha apenas dúvidas e perguntas, tantas perguntas, e não sabia as respostas.
Não sabia onde as procurar, como as procurar.

Houvera um tempo em que soubera que fazia o que fazia porque gostava, agora fazia apenas porque as pessoas que amava queriam que ela o fizesse.
O que lhe trazia ainda mais perguntas, mais dúvidas e o pior... trazia-lhe dor, uma dor intensa, e um medo de desilusão tão grande que a obrigava a continuar a fazer o que fazia, mesmo quando já não sabia se o queria continuar a fazer.



*Ari
"In the end, we only regret the chances we didn't take, the relationships we were afraid to have and the decisions we waited too long to make."

sábado, setembro 25, 2010

«O que eu quero mesmo é que sejas feliz. Não sei se sabes, talvez não tenhas tido tempo para perceber que para mim sempre foi e será isso o mais importante, mesmo que a vida te leve para outros caminhos e que sem sequer voltes a cruzar-te comigo.»


Margarida Rebelo Pinto

quarta-feira, setembro 22, 2010


Era uma vez uma menina que vivia numa rosa. Era uma menina pequenina, de tez pálida, faces rosadas e pés delicados. Todos a adoravam, talvez pela sua generosidade, talvez pelo seu sorriso fácil, a verdade é que era dificil as pessoas não se sentirem bem quando ela estava presente.
A pequena menina era feliz. Tinha duas amigas pequeninas como ela, e quando se encontravam as três o sol brilhava mais, as flores cheiravam ainda melhor, os campos ficavam ainda mais verdes e vento tornava-se uma brisa tão suave que apetecia sentir. Sim, ela era feliz. Mas não se sentia completa, por mais tempo que passasse com as suas amigas, quando voltava para a sua rosa, a solidão instalava-se e ela chorava, porque não sabia de onde vinha aquela sensação de vazio.

Um belo dia de Verão, quando o sol ia bem alto e o calor era sufocante, a pequena menina decidiu ir passear até ao rio. Estava ela, contente a refrescar os seus delicados pés, quando viu na outra margem, um menino, pequeno como ela. Ela nunca tinha visto ser tão belo em toda a sua vida, mas na verdade nunca tinha visto um ser como ele. Os seus cabelos ondulavam ao vento, e ele de olhos fechados, sorria.
Não soube ao certo quanto tempo passou a olhar para ele, talvez um minuto, talvez uma hora, mas quando ele abriu os olhos e a viu, ela corou, levantou-se de um pulo e fugiu.

Antes de adormecer, foi o rosto dele a última coisa que lhe passou pela cabeça.
E assim passaram a ser os seus dias, indo ao rio esperando vê-lo, mas ele nunca mais apareceu.

Mas a pequena menina nunca mais chorou nas longas noites que passava sozinha na sua rosa, porque agora ela tinha aquele estranho ser para a acompanhar nas suas noites, nos seus pequenos sonhos, no seu pequeno mundo, dentro da sua bela Rosa.


text by me
montagem by Rui Costa *

domingo, setembro 19, 2010

"Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."



Fernando Pessoa

sexta-feira, setembro 17, 2010


Lembro-me daquele dia como se fosse hoje.
Lembro-me da leveza do corpo, das sensações à flor da pele.
De todas as sensações, de todos os sentimentos.

Lembro-me de todo aquele calor, um fogo ardente que me marcou o coração.
Ah, ainda hoje sinto o fogo cá dentro do peito.
Em dias sombrios e gelados, é este calor que me faz sorrir e suportar tudo.

Lembro-me de todas as cores e cheiros.
Lembro-me do brilho da Lua e de todas as estrelas que me sorriam.

Como me lembro de tudo, tão perfeitamente, como se o estivesse a viver neste momento.
O dia em que a minha alma Renasceu.

*Ari

segunda-feira, setembro 13, 2010

Se eu morresse amanhã...
Ficarias arrependido por nunca me ter beijado ou aliviado por assim não sentires saudade do meu beijo?

E se eu morresse amanhã...
Ficarias arrependido de nunca me ter tocado ou aliviado por assim não sentires a falta do meu toque?

Então e se eu morresse amanhã...
Ficarias arrependido de eu ter deixado de ser uma fantasia ou agradecerias eu ter-me tornado uma realidade?

Se eu morresse amanhã...

quarta-feira, setembro 08, 2010

Começa como uma dorzinha, incómoda, desconfortável mas tolerável.
Com o tempo, tem tendência a aumentar, cada vez mais.
Torna-se uma dor maior e mais dificil de ignorar.
E quando se torna insuportável e já não conseguimos deixá-la de lado, invade-nos.
E preenche cada espaço do nosso corpo e da nossa mente.
Preenche de tal maneira que achamos que vamos explodir, que não vamos aguentar.

Porque é uma dor que nos consome totalmente.

Uma dor chamada... Saudade.

*Ari

segunda-feira, setembro 06, 2010


É quando reina o silêncio
E o mundo descansa
Que me deixo ir nas asas do vento

Quando ninguém está por perto
E não preciso de usar máscara
Que deixo todas as emoções fluirem

Quando todos dormem
Felizes e serenos
Que eu choro para limpar a alma

Quando sinto a verdadeira solidão
Quando só ouço o bater do meu coração
É que me deixo levar
Para longe
Sem me preocupar se vou voltar.

*Ari

sexta-feira, setembro 03, 2010


Ela sabia que era um sonho. Afinal só em sonhos é que ela o via.
Mas mesmo sabendo que era um sonho ela sentia-se feliz, pois nos sonhos ele era dela. Nos sonhos não existiam problemas, nem complicações. Apenas eles os dois e um mundo inteiro por descobrir.
Quando sonhava sabia que ele se importava com ela, sabia que não lhe era indiferente, sabia que naquelas horas de sono atingia as estrelas, a lua e o sol, e ele estava sempre ao seu lado.
E só isso, só o facto de sonhar com isso, sonhar com ele, deixava-a feliz.
Se aquela era a única maneira de estar perto dele, de poder dizer que lhe pertencia, então ela não se importava.

E mesmo quando a manhã chegava e acabava com o sonho, ela continuava feliz.
Porque a noite cairia novamente, e ela voltaria a sonhar com ele.

E mais valia tê-lo em sonhos do que não o ter de maneira nenhuma.


*Ari